segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A Compreensão Da Bíblica

PASSOS PARA A COMPREENSÃO BÍBLICA.
 







Oração[1]
Segundo o Dr. Roger Marcel Wanke, alguns passos práticos devem ser considerados no processo de compreensão do texto bíblico, e a oração deve ser a primeira atitude tomada por parte daquele que deseja interpretar a Bíblia Sagrada, pois através dela buscaremos a iluminação do Espírito Santo de Deus que nos fará compreender todas as coisas.
Vejamos o que diz o Dr. Roger Marcel Wanke:
A oração não é apenas o “respirar da alma”, como muitos a definem, mas também o respirar da própria prédica. Prédica que não começa já no seu preparo com oração vai se transformar em “blá-blá-blá” humano. Ao preparar a prédica eu me coloco, em primeiro lugar, como ouvinte do texto bíblico. Se o pregador não for tocado pelo texto bíblico, que ele está preparando para pregar, sua prédica não vai tocar ninguém. Aquilo que deve mexer e transformar os outros, deve primeiro mexer comigo e me transformar. Nós não somos apenas os primeiros ouvintes da nossa prédica, mas já no preparo dela, somos confrontados com a Palavra de Deus. Portanto, a oração é fundamental, para que Deus fale ao nosso coração e desta forma, tenhamos o que dizer no púlpito para a comunidade. A gente não deve apenas saber falar, ter boa retórica, mas principalmente ter o que dizer. A oração nos torna dependentes de Deus para ouvir dele o que devemos dizer. Por isso, um pregador não deve pregar aquilo que a comunidade quer ouvir, mas sim o que Deus tem a dizer a ela. E isto será sempre tudo aquilo que tanto a comunidade como o pregador mesmo precisam ouvir (WANKE, p. 7-8).

Maturidade Espiritual[2]
Todo indivíduo que se dedica a prática da hermenêutica bíblica, deve, acima de tudo, possuir temor e ser reverente diante de Deus.
(Pv 1.7): “O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino”.
Falar sobre “maturidade espiritual” é falar sobre “homem espiritual”, e este, o apóstolo Paulo define como aquele que possui a capacidade de julgar, discernir e compreender todas as verdades espirituais. Ainda, segundo o escritor da carta aos Hebreus, o “homem espiritual” é “adulto, o qual tem, pela prática, a faculdade exercitada para discernir tanto o bem como o mal" – Hb 5.12-14; cf. 1Co 3.1-3 (BENTHO, 2003, p. 81-82)”.

Comunhão Com o Espírito Santo[3]
(Jo 3.5,6): “Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito”.
O homem natural, através dos seus conhecimentos filológicos (estudo das línguas, idiomas), até pode extrair importantes significados e aplica-los aos textos bíblicos, porém, para entender as realidades espirituais, é necessário que o hermeneuta tenha a mente de Cristo (1Co 2.16), e para isso, o interprete cristão precisa ser um indivíduo que tenha passado pela experiência do Novo Nascimento.
Segundo muito bem definido pelo escritor Esdras Costa Bentho, “o intérprete deve estar cheio do Espírito Santo e guiado por Ele. Somente o crente pode sondar o verdadeiro significado das Escrituras, porque o mesmo Espírito que a inspirou realiza no intérprete uma obra de iluminação que lhe permite chegar, através do texto, ao pensamento de Deus (1C 2.10). A carência de sensibilidade com o Espírito Santo incapacita o exegeta para captar com profundidade o significado das passagens bíblicas.”--- LER: (1Co 2.10-16)

Leitura do Texto[4]
O processo de leitura é muito importante para que possamos extrair dela uma boa e coerente interpretação. Observe algumas dicas importantes para o processo de leitura bíblica:
· Ler a Bíblia com regularidade;
· Ler a Bíblia orando;
· Ler a Bíblia para mim, não para os outros;
· Ler a Bíblia meditando, refletindo sobre o que ela diz;
· Ler a Bíblia em espírito de obediência;
· Ler a Bíblia como um todo;
· Ler a Bíblia com lápis na mão;
· Ler a Bíblia decorando versículos bíblicos;
· Ler a Bíblia em outras versões/traduções;
· Ler a Bíblia para crianças;
· Ler a Bíblia com mais pessoas. Participe de um estudo bíblico.

Primeira Aproximação[5]
O primeiro contato com o texto ocorre no momento da primeira leitura. A leitura precisa ser feita com papel e lápis em mãos, para possíveis anotações e observações. Faça anotações daquilo que lhe chama a atenção.
Segundo Roger M. Wanke, os sentimentos, as associações e o que chama a atenção vão ser fundamentais não só para a pesquisa exegética, mas também para a reflexão hermenêutica, bem como, para a tarefa homilética (WANKE, p. 8-9).
Neste processo de leitura e interpretação é necessário fazermos perguntas ao texto em foco. Para isso Wanke define algumas perguntas importantes que devem ser observadas durante a leitura:
· Quem está falando ou agindo? (pergunta pelos personagens, pelo sujeito);
· O que eles fazem? O que eles falam, ou lhes é dito ou feito?
· Há expressões ou palavras que se repetem no texto?
· Quais os substantivos (nomes próprios, objetos, abstratos, conceitos);
· Quais são os verbos? (indicativo, subjuntivo, imperativo, voz ativa, voz passiva, passado, presente, futuro);
· Existem adjetivos? (qualidades, características, atributos);
· Quais são as preposições (de, desde, a, para, além de, depois de...) e conjunções (e, mas, porém, contudo, todavia, portanto...)?
· Quais são as palavras difíceis, que precisam do auxílio do dicionário em português?
· Perguntas como: Onde? Como? Quem? Quando? Por quê? São fundamentais para entender o texto bíblico.

Inimigo da Ociosidade Bíblica[6]
Nas referências de Hebreus 5.11 e 6.12 percebemos os cristãos sendo chamados de “tardios em ouvir” e “indolentes”, que no grego, significa literalmente: “preguiçosos”.
· Por serem preguiçosos deixaram de receber instruções (Hb 5.11);
· Os hebreus eram crentes com aproximados 30 anos de fé, porém nunca se preocuparam com o estudo da Palavra de Deus. Sua preguiça concernente ao estudo bíblico era demasiadamente grande, que até o que eles sabiam, haviam esquecido (Hb 5.12);
· Eles não tinham condições de receber explanações profundas das Escrituras, pois seu raciocínio bíblico/espiritual é comparado ao de uma criança (Hb 5.13-14).

Fazer Uso de Outras Traduções[7]
Os livros que compõem a Bíblia usada pelos protestantes, foram escritos originalmente em Hebraico, Aramaico e Grego. Todavia, a maior parte dos estudantes de teologia não conhecem essas línguas, por isso a importância de se fazer uso de uma boa tradução Bíblica em língua materna.
O fato de termos em nossas mãos uma Bíblia, a qual foi devidamente traduzida a partir de manuscritos sacros, já nos torna participantes de um processo de interpretação, pois para que chegasse até nós em língua materna, a Bíblia contou com a atividade dos tradutores, os quais, diante deste processo frequentemente fazem escolhas para expressar o que os originais em hebraico ou em grego realmente procuravam dizer.
Portanto, é muito importante que o leitor da Bíblia, durante o processo de interpretação faça uso de outras traduções do texto sagrado, ou seja, o mesmo texto, porém valendo-se de outra linguagem. É importante ressaltar que, toda tradução, conforme define Wanke, consiste em uma interpretação do texto bíblico original.
É interessante que, durante o processo de interpretação do texto bíblico, o leitor faça uso de pelo menos quatro traduções diferentes:
· ARA – Almeida Revista e Atualizada;
· NVI – Nova Versão Internacional;
· BJ – Bíblia Jerusalém;
· NTLH – Nova Tradução na Linguagem de Hoje.


Fraternalmente em Cristo,
Ângelo S. Monteiro

REFERÊNCIAS:


BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica fácil e descomplicada. 10ª Impressão. Rio de Janeiro: Cpad, 2003. 344p.


FEE, Gordon D.; STUART, Douglas. Entendes o que lês? São Paulo: Vida Nova, 2011. 336p.


WANKE, Roger Marcel. Princípios de Interpretação da Bíblia I: Curso de Homilética. São Bento do Sul: FLT.


ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1994. 356p.


[1]WANKE, Roger Marcel. Princípios de Interpretação da Bíblia I: Curso de Homilética. São Bento do Sul: FLT. p.7
[2]BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica fácil e descomplicada. 10ª Impressão. Rio de Janeiro: Cpad, 2003. p. 81-82.


[3]BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica fácil e descomplicada. 10ª Impressão. Rio de Janeiro: Cpad, 2003. p. 82.


[4]WANKE, Roger Marcel. Princípios de Interpretação da Bíblia I: Curso de Homilética. São Bento do Sul: FLT. p.8


[5] WANKE, Roger Marcel. Princípios de Interpretação da Bíblia I: Curso de Homilética. São Bento do Sul: FLT. p.8-9
[6]BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica fácil e descomplicada. 10ª Impressão. Rio de Janeiro: Cpad, 2003. p. 83-84.


[7] WANKE, Roger Marcel. Princípios de Interpretação da Bíblia I: Curso de Homilética. São Bento do Sul: FLT. p.9

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